Sozinha com o meu pensamento
Crio suposições da permanência
Se estás lá não argumento
Entristeço e esgoto a paciência
Conformidade não me espanta
Arranca-me a consciência
Muito pouco me adianta
Tu é que escolhes a dependência
Escrevo-te e penso-te
Não sei de quantos modos vários
Olho-te e compenso-me
Mesmo com olhares solitários
Na cabeça faço um desenho
De todos os meus encantos
Que vicio é este que eu tenho
De rondar os teus cantos?
Este bicho que sinto
Rompe enfim os laços crus do Ser
Não o finjo nem o minto
Amor tão leal que aumenta no sofrer
E é com todo ele que te digo,
Jamais houve alma mais amante e terna
Do que aquela que é a tua,
meu amigo.
meu amigo.
Itálicos e negritos: Fernando Pessoa
Adeus
A solidão pode ser apenas um momento
ResponderEliminaro amor uma demência
um anoitecer violento
sem explicação nem ciência
Por vezes a luta não adianta
se em causa está a tua permanência
mas o vento sussurra e canta
que já decidiste partir para a tua independência
Escrevo-te e leio-te
tentando descobrir os teus motivos vários
iludo-me e penso-te
nos meus sonhos solitários
Que me adianta dizer que já venho
ou outros discursos tantos
Se não há desdenho
nem procura de encantos
E isto que sinto
que corrói a vontade e amargura de não Te ter
é impossível de disfarçar ou de dizer que não sinto
pois é essência do meu Ser
E é com todo ele que te digo,
que não há outros olhos de cor de piscina que sejam sinal de eterna
vontade de enfrentar qualquer perigo,
Mas continuamos perdidos pela rua.
"A solidão pode ser apenas um momento
ResponderEliminaro amor uma demência
um anoitecer violento
sem explicação nem ciência"