28 de setembro de 2013

Doce côco

O cheiro chamou o olhar
O toque - o suor.

E ali, destemido
meu corpo acariciou o teu
Quiseste-te perdido
E em horas fizeste-te meu

Adeus

25 de setembro de 2013

Vem agora

Vem agora
Que tudo está mais perto
Porque mesmo de esquina
Meu olho fica aberto

Gestos de quem
Ali quer ficar
Ódio por cem
Ou talvez um amar

Vem agora
Que tudo está mais perto
Não dês aviso
E veremos se estás certo

Adeus

Do que quis ou achei

"Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou 

(...) "

Fernando Pessoa

Adeus

19 de setembro de 2013

Amor- Podia ter sido

Um dia alguém disse
Esta é a fase da seleção
Estarias no topo da cabeça
E mais tarde, do coração

Tudo foi perdido
Mas bom para cair no sono
Nada mais do que atraído
E no fim, o abandono

Medo da verdade
Medo de enfrentar
Em ti - é absurdidade
Mas minha mente continua a acorrentar

Foi tempo perdido
Foram palavras gastas
Amor- podia ter sido
Mas é o que mais afastas

Um dia alguém disse
Esta é a fase da seleção
Estás no topo da cabeça
E de certeza, do coração



   Adeus

13 de setembro de 2013

Odeio despedidas

Está a chegar o dia da lágrima e nunca três meses passaram tão rápido.
Ainda me lembro do dia em que cheguei. Na entrada disseram-me para aguardar, sentei-me nos sofás vermelhos que lá estão e olhei para as televisões que fazem de cabeceira da receção. Começou ali um deslumbramento que pensei nunca ter existido.
Em 10 minutos foram buscar-me ao sofá vermelho e apresentaram-me a casa, já depois da reunião onde escolhi o que queria fazer. Os meus olhos brilharam quando entrei onde tudo acontece, e não falo da régie, lá sim, tudo acontece. Falo da redação, onde se faz que aconteça.

Sim, sou eu a fazer os horários no Side enquanto fazemos o Jornal das 8.
Escolhi a Sociedade e logo nessa tarde saí em reportagem com a Maria Viegas e com o Tiago Euzébio. Fomos ao museu do brinquedo em Sintra e também entrevistamos o Seara. Houve discussão na entrevista mas também houve um passeio por Sintra, com direito ao bolo típico, do qual o nome não lembro. Não poderia ter começado melhor.


Reportagens: É uma sensação ótima quando depositam confiança em nós e nos dão uma reportagem. Sair, fazer entrevistas, escrever, escolher a estrutura, música....a liberdade que nos dão só nos alimenta profissionalmente...Mas só mais tarde percebi que os estagiários trabalham tanto porque há, realmente, falta de jornalistas. Vendo as coisas positivamente: A TVI é uma boa escola, somos acompanhados e raramente me senti menosprezada por ser estagiária. Três meses, 34 reportagens e mais de 30 Offs, fazem um balanço bem positivo. A maior parte das reportagens que fiz deu-me um grande gosto fazê-las. Falo das entrevistas ao Diogo Infante, UB40... e mais uma série delas como a reportagem para o dia da Mundial da Fotografia..ou o passeio por Troia e pelas ruínas romanas de lá....
O maior desafio foi mesmo: Politica. É tema que não me entusiasma e também, sempre foi do que menos percebi...Dava por mim a estudar politica portuguesa quando chegava a casa, e ainda bem que o fiz! Houve um dia em que me mandaram para direto com o CDU. Era a reação do partido à comunicação do Cavaco ao país. Disseram-me: "Se conseguires fazer pergunta, faz. Vamos estar em direto". Na altura só pensei que não podia sair daquela reação sem pôr uma pergunta num direto. Foi o que fiz. E até que fiquei orgulhosa.


                  

Viagem: Andar no carro de reportagem nem sempre foi fácil. Habituar-me aos olhares de quem repara em nós não foi nada fácil. Irritava, até. Aquelas manhãs em que só apetece fechar os olhos e encostar a cabeça no banco, tentar tocar nas brasas...Mas não fazê-lo porque em todas as ultrapassagens e semáforos há alguém que cola em nós...Não há à vontade e a culpa é do carro não ser à paisana. Não há anonimato no momento em que se trabalha na rua e o grito: "olha a Tviiii!" é mais frequente do que as noticias na TSF.


Refeições: Há várias opções no que toca ao sitio onde se pode almoçar. No bar, é escolher morrer intoxicado, no refeitório, é igual. Se bem que o bar bate qualquer serviço de restauração; desde as bebidas a toda comida no geral. Quando se escolhe comer num destes sítios corre-se sempre o risco de alguma coisa estar agradável. Em três meses, é possível não ter acertado num único prato desses. Mas isto também sou eu...que não gosto de comida estragada. Não sei, nunca foi o meu estilo.

Mas há que salientar os pontos positivos do sistema alimentar da media capital: O atendimento do refeitório é exageradamente simpático e a comida, por muito mal que saiba, tem ótimo aspeto. Sacanas.

   

Famosos e isso: É habitual passar pelo Ricardo Araújo Pereira, Marcelo Rebelo de Sousa ou até pela Fanny e todos os outros das revistas cor-de-rosa. Nos primeiros dois dias, sim, ficava admirada e dizia à minha mãe ao telefone. Depois as coisas tornaram-se tão naturais que ver a Marisa Cruz a tirar a cueca do rabo já não me espantava...
O que realmente me fascinou, logo no inicio, foi conhecer os editores de imagem, que tanto admirava ao ver as grandes reportagens...Conhecer a Lara Santos, a jornalista da grande voz, o Bandarra, também um dos grandes... E as senhoras do Goucha! Sim, verdadeiras histórias de vida que contam... a maior delas é a profissão que partilham, que é, passo a citar: Bater palmas. -"Já há 12 anos que bato palmas!" dizia-me uma delas.


Apesar de todo o enredo que faço à volta da TiJudite, quando ela falou comigo pela primeira vez, tremi. Foi em relação à entrevista que fiz a Joe berardo, que, aos olhos dela, "parecia doente...cabisbaixo". A conversa não foi longa, por pena minha...teria muito para lhe dizer.

Não posso deixar escapar a este texto a voz masculina que faz tremer qualquer alma: A voz do Zé.
Normalmente basta ele abrir a boca para eu e toda a redação notarmos a sua chegada. Não há voz mais sensual...Assertiva, rouca, grossa, tudo o que é bom  numa voz e que sabe bem de manhã, de tarde e de noite.



Companhia: Não há palavras para descrever as pessoas que deixo nesta casa. Um dia pensei encontrar bitches por todo o lado, prontas para arruinar a vida uns dos outros, o que não aconteceu. 
Não me esqueço de quem me ensinou a mexer naquele inews estranho, logo nos primeiros dias, sim Jacinta e Ana Pedro, são vocês. 
Também nos primeiros dias conheci a Joana, aquele tipo de pessoa com quem tens vontade de estar e falar, porque transborda inteligência e sentido de humor; foi sem dúvida a companheira do estágio.
(Obrigada pelas surpresas e pela companhia. Princesas infinitas para nós as duas. Para o ano estarei lá para dares voz às minhas peças.)

                         
Heleninha da Malveira e Florbela Espanca: Ainda nos vamos encontrar e comer grandes bolas de berlim e bolinhos da malveira.
Pedro, estes dois meses foram suficientes para saber que és dos meus. Aliás, consegues ser melhor do que eu em relação às Jim Carrey faces, e claro, em relação à crueldade humorística que dás à coisa; falo do prepare your, da câmara ardente, do "porto, porto, porto". Só de pensar...vêm-me lágrimas aos olhos. MAS, como me prometeste ir até Vila Real para seres minado, prometo não sofrer muito até lá.

    

Nestes três meses também conheci grandes jornalistas. Falo da Brigitte Martins que, com 20 anos de TVI, me ensinou imensa coisa, me deu a oportunidade de casar em reportagem e tomou conta de mim nas tentativas de dietas que fui fazendo.


Admiro muito quem faz Jornalismo televisivo com a qualidade com que a Brigitte faz, (A Brigitte e mais uns poucos, mas muito poucos), fazer reportagens sem a fome de aparecer, para ser famoso ou reconhecido na rua por aparecer na Televisão. A Brigitte é a jornalista que é reconhecida na rua pelo trabalho e não por fazer vivos em reportagens de informação diária. Foi realmente uma honra ter aprendido com quem sabe, e a Brigitte faz parte do leque.


Catarina Canelas é mais uma das grandes que tive o gosto de conhecer, também, chegou já no fim, mas não tarde. A sabedoria dela em relação à profissão dá cabo de muitos. A simpatia, a amizade e o sentido de humor dela tornaram-na, segundo o Pedro, na Santa Catarina, a padroeira de todos os estagiários*. Brincadeiras à parte, vou sentir imensas saudades das gargalhadas dela  aquando eu dizia alguma coisa parva.


Santa Catarina Padroeira dos Estagiários*
O Bernardo Santos foi uma surpresa. Se é para rir, é com o bernardo. A ironia descarada, as asneiras que lia entre o próprio off, ou a frase: "Pronto, Paulo Salvador, já podes ir brincar aos pivots!".
Tudo o que tenho na memória faz do Bernardo o mais divertido e também um dos melhores profissionais que a TVI tem. Só de me lembrar do à vontade dos diretos dele...bem, ninguém faz melhor.
Também não me esqueço da Maria Marujo, conversas e conversas que tivemos, conselhos que ela me deu, que um dia, espero seguir. Sempre divertida e também uma boa profissional.

TVI e o eterno mau exemplo universitário: Eu sei bem qual a opinião de muitos dos jovens estudantes em relação à TVI...e sei porque também faço parte desse grupo.
Passei três meses a viver nesta estação televisiva, desde conviver com as muitas pessoas, a perceber os assuntos menos falados em relação ao funcionamento da casa. Fiquei surpreendida com alguns aspetos, já com outros, nem por isso.
Como se sabe, o jornalismo televisivo não é feito só pelos Jornalistas.
Aliás, uma reportagem nunca é só do Jornalista; é do editor que marca a reportagem, é do repórter de imagem que a filma, é do editor de imagem que a edita, é do pivot que a apresenta, é da régie que a põe no ar... É todo um trabalho de equipa. E é com essa partilha de trabalho que acaba a liberdade jornalística....
Bom...mas essas minhas confissões ficam para próximos capítulos.
Ao fim destes três meses, só esta frase merece ficar neste capitulo:

Tenho esperança no futuro.

NÃO, pivot foi só para a foto.

Adeus

Verão que é verão





   









É em Assares. 

Adeus