17 de maio de 2014

Uma Cidade de Contrastes


Em pleno centro da cidade de Vila Real, são muitos os comerciantes que começam o dia por volta das cinco da manhã.  Vêm de todas as aldeias, com as carrinhas cheias de frutas e legumes e, ao chegar à capital de distrito, expõe os produtos no mercado municipal.

O chilrear dos pássaros funde-se com o som do descarregar das caixas de frutas, as quais são espalhadas pelos passeios, num dos lados da estrada. Podiam ser os únicos sons ouvidos àquelas horas, mas, do lado contrário, assiste-se a um desfile daqueles que ainda nem visitaram a cama. Assiste-se ao desfile da juventude da cidade. Os universitários que enchem as ruas da cidade durante o dia, também enchem cafés e bares durante a noite, na zona do Pioledo, zona vizinha do Mercado Municipal. Para eles, as seis da manhã significam o regresso a casa. A maior parte dos estudantes faz da quinta feira à noite o serão sagrado para descontrair com os amigos, para muitos, esse dia indica o final da semana e o dia a seguir indica o regresso a casa dos pais. 
Quando a diversão se dá por terminada em alguns clubes noturnos, já o relógio aponta as 5 da manhã.

Alguns jovens sentam-se nos bancos próximos das pastelarias e  convivem com os madrugadores que já estão a trabalhar, outros, até vão ao mercado comprar produtos, como frutas, legumes e animais  de campo.

No ar sente-se o cheiro a madrugada e o cheiro a pão acabado de cozer. A Padaria é ali ao lado, a Tugeira. Fica no fundo da rua para quem vem da zona do Pioledo. É conhecida por estar aberta durante 24 horas e é também a padaria mais frequentada pelos jovens. 
Há 30 anos a morar numa das casas rentes à Tujeira, Ana Sousa diz que são raras as noites em que não acorda com o barulho que vem da rua. Fala de grandes grupos que vêm juntos pelo passeio fora, que param na padaria, pedem o costume e levam o lanche na mão, dentro de sacos de papel castanho. Alguns ficam sentados nos passeios a observarem os madrugadores, do outro lado da rua, que se preparam para mais um dia de trabalho.

Ana Sousa diz já estar acostumada aos hábitos dos jovens da cidade e admite que se não fossem os estudantes, a cidade de Vila Real seria muito mais pacata e muito menos desenvolvida.

Também ali no Mercado Municipal fica uma tasca regional bem famosa entre os hábitos dos universitários vilarealenses. A Ruana. A proprietária, D.Emilia, levanta-se às 3 e meia da manhã para preparar a iguaria que, horas mais tarde, serve aos jovens que por lá param. A Canja da Ruana, assim conhecida, faz as delicias dos estudantes que preferem um caldo a um croissant de chocolate da Tugeira.

João Sousa, talhante no Mercado Municipal há 12 anos, conhece bem o sentimento de entrar ao trabalho ainda de noite. Lembra-se desde sempre de jovens a passear por ali, ainda de madrugada. Não o incomoda, afirma, recordando o tempo em que fazia o mesmo.


Adeus



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