26 de junho de 2014

Ainda que vã

“Ah, a esta alma que não arde. Não envolve, porque ama, a esperança, ainda que vã, o esquecimento que vive entre o orvalho da tarde. E o orvalho da manhã.”

FP

Adeus

23 de junho de 2014

Seus Idiotas

Agora que me distancio da realidade que se me tem atravessado à frente, percebo o quão idiotas as pessoas conseguem ser umas com as outras e pior: consigo próprias.

Não estou segura com as minhas palavras, nem com as que escrevi ontem nem com as que escrevo hoje. Estou segura, no entanto, com a existência daquela doença que tentam explicar em mil e um manuais.
O amor, essa mesmo. 
Os sintomas já muitos os conhecem mas a tranquilidade extasiante comparável ao paraíso é um dos mais falados.
(Como pode ser tão verdadeira esta descrição?)
Amar é o vicío mais tramado de todos. Chama-nos, como se fosse nossa obrigação seguir os seus ideais e, depois, atira-nos de volta à crença da descrença. Que veneno é este que nos faz ir e voltar?
Dizem por aí que nascemos para amar. Não tenho a mais pálida dúvida. Nascemos para nos envenenarmos, para tomarmos o antídoto e para amarmos novamente. Nascemos para crer, descrer e voltar a crer.  

E depois há idiotas que fingem andar envenenados...preferem crer que a doença não existe. Nasceram para quê, então?
Amem. Só estamos cá um vez, seus idiotas. 


Adeus



21 de junho de 2014

Diz-me tudo!

Diz-me tudo!
Diz-me a verdade
Há tanta suavidade em tudo se dizer
Em tudo se entender
Tudo inteiro
De sentir e de ver...
Diz-me tudo
Não deixes esquecer
Talvez amanhã
Numa outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada
Mas ali fui feliz
Não me deixes com nada


Adeus


Receção de grau máximo ao poema "Não digas nada!" de Fernando Pessoa

20 de junho de 2014

Perdemo-nos

Perdemo-nos, amor.
Perdemos as palavras que nos aconchegavam,
Os beijos que nos faziam amar
A compatibilidade que nos alimentava
Os olhares que nos faziam parar

Perdemo-nos, amor
Perdemo-nos
E ninguém nos vai encontrar

Talvez nós
Num talvez de lá
Que nos destine
E que nos amará

Adeus

Com Fernando Pessoa

Ho ho ho, este é o meu novo projeto. Criei uma conta instagram com o nome: Com Fernando Pessoa. Nela partilharei fotografias pelos diversos sítios onde passarei com Fernando Pessoa. (acreditem, ele está comigo) Falo de locais por Portugal e pelo resto da Europa. Só o tempo, a criatividade e os lugares me permitirão fazer disto um projeto interessante! Espero que gostem!

Algumas imagens à minha mais bela:







Adeus

FP





Adeus

14 de junho de 2014

Já não me importo

"Já não me importo 
Até com o que amo ou creio amar. 
Sou um navio que chegou a um porto 
E cujo movimento é ali estar. 

Nada me resta 
Do que quis ou achei. 
Cheguei da festa 
Como fui para lá ou ainda irei 

Indiferente 
A quem sou ou suponho que mal sou, 
Fito a gente 
Que me rodeia e sempre rodeou, 

Com um olhar 
Que, sem o poder ver, 
Sei que é sem ar 
De olhar a valer. 

E só me não cansa 
O que a brisa me traz 
De súbita mudança 
No que nada me faz."

Fernando Pessoa
13 de Junho de 1888 - 30 de Novembro de 1935


É isto que queremos para nós?
Adeus

10 de junho de 2014

A marca da maravilhosa Vila Real


(...) Nesse momento apercebi-me de como ia ser difícil deixar aquela cidade, aqueles amigos, aqueles horários, aqueles descompromissos, aquele cheiro a pão cozido na madrugada... Apercebi-me de que era feliz ali. Vila Real tem esse poder em nós. No primeiro dia em que lá chegamos é difícil ver beleza na cidade. Queremos, a todos os minutos, voltar para casa, voltar a cheirar a comida da mãe e rir com o namorado que lá deixamos. A dada altura apercebemo-nos que a comida da mãe não deixa de ser a comida da mãe e que vai estar à nossa espera na chegada. Apercebemo-nos que mais importante do que rir com o namorado que lá deixamos é rir com os amigos que cá criamos. Apercebemo-nos que a cidade, que de bela não tinha nada, passa a ser a cidade maravilhosa de que nos falavam, e, de repente, já a temos entranhada. O tempo passa e os que conhecemos lá, esses, vão-nos marcando de uma maneira tão diferente daquela a que estávamos habituados até à altura. 
Ouviamos todos os dias que os amigos da universidade são para sempre. E são, são mesmo. Porquê? Porque nos tocam de uma forma tão profunda que só nos apercebemos que estamos envolvidos em relações tão fortes quando temos de deixá-las. E eu apercebi-me disso naquele momento, naquela noite, ao olhar para eles. 
A cidade de Vila Real é maravilhosa, sim. Não é maravilhosa por ter uma vista montanhosa à sua volta, não é maravilhosa por ter um pôr do sol com raios divididos pelas montanhas, nem o é por ter um rio que desliza entre as pedras espelhando a cidade como se fosse esse o seu único propósito. A cidade de Vila Real é maravilhosa porque é lá que estão as memórias dos melhores tempos das nossas vidas. É maravilhosa porque foi lá que conhecemos as pessoas que levamos para sempre. É maravilhosa porque é feita de amigos, de passados e de momentos. É este o conjunto que define a beleza de um lugar. Agora, que sou uma mera espectadora da maravilha que é conhecer aquela cidade, vejo, claramente, a definição de beleza que Vila Real tem.
Um dia o meu pai disse: "A nossa vida é onde nós estamos". Quem me dera estar todos os dias naquela cidade, ver os raios de sol entre as montanhas e sentir aquele cheiro a pão quente. Quem me dera voltar a fazê-lo. Mas tudo, tudo com aqueles que lá conheci. (...)

Excerto de rascunhos

Adeus

Californication - Faith, Hope, Love

-Tem alguma fé em particular?
-Sou escritor, por isso acredito em sentar-me, fechar os olhos e esperar pelo melhor.

Adeus

8 de junho de 2014

Ruby Sparks


Adeus

Da criação à realidade

As minhas palavras não conseguem acompanhar tudo o que sinto. O filme - Ruby Sparks -, em termos cinematográficos não é por aí além. A história é irrealista e os menos crentes não vão querer repeti-lo. A mensagem que passa, essa, é muito diferente. Consegue ser tudo, tudo aquilo que quem cria e recria quer ver, ouvir e sentir. É fenomenal. Nunca um filme retratou tão bem a realidade iluditória de quem se dedica a escrever. Arrebatou-me. Tudo o que eu já senti, pensei, imaginei...acontece. Tudo acontece neste filme. É impressionante como um filme consegue retratar esse sentimento de uma forma tão perspicaz e ao mesmo tempo tão suave, ao ponto de só aqueles que viveram ou vivem o mesmo perceba m tão claramente o que o escritor quer dizer com toda a sua criação.
Quanto a mim, e depois de tantas criações, consegui ver uma dessas projeções - a maior, até - passada a realidade. O sonho que é escrito, as palavras imaginadas, e a certo momento - o momento que era aguardado há anos luz - se sentem fingidas e todo aquele sentimento que se pensa um dia sentir...não existe, é forçado. À minha culpa, tal como no filme, se eu não tivesse criado....se eu não tivesse exigido e inventado uma imagem do que era a perfeição, talvez tivesse vivido essa realidade de maneira diferente e mais intensa, até. Tudo o que se realizou é o tudo que se vai perder. Tudo o que fui criando é o mesmo tudo que amo e é o mesmo tudo que vou perder. Tudo o que imaginei ser sublime, é realidade. Tudo o que é realidade...é só mais um bocado de vida. Deixa de ser sublime, deixa de ser criação, deixa de ser perfeição, passa a ser só...realidade. Sinto que essa realidade me faz duvidar do que possa sentir. Muitos foram os dias em que duvidei que tudo pudesse ser sublime. Mas aconteceu e foi, foi tão sublime que me custa decidir a eternidade do momento. Ou foi e é, ou é e será. Eu amo-te. Não vão ser minutos, segundos ou olhares vazios que me vão fazer abandonar tudo aquilo que criei em ti, em mim, em nós. E depois de tudo criado, sentido e realizado, sei que te amo na mesma. Mesmo sendo estas palavras fora da minha zona de conforto - a qual foi criar-te - Eu amo-te.



Adeus


6 de junho de 2014

Que gé-ni-os

"Foi só mais um quarto uma cama
No meu sonho era tudo o que eu queria
´
Quando alguém deixar de viver aqui
Espera que ao voltar seja para ti
Nada vai ser fácil
Nunca foi
Quando alguém deixar de te dar amor
Pensa que há quem viva do teu calor
Hoje é só um dia
E vai voltar amanhã"

"Coisas" Ornatos Violeta

Adeus




O amor é isto

Não sei como conseguiste
Atingir este meu estado de nada
Nos dias normais em que fugiste
Era por tudo sacrificada

Agora fica o medo
Este medo que eu tenho
De te amar e de te perder
De te amar e fazer-te estranho

Não vejo a luz em mim
Mas sei vê-la em mais alguém
Dá-me tempo para conseguir
Vê-la em mim e em nós também

Talvez a razão de saber
que estás melhor como tens estado
É por te amar que quero
Que não te agarres ao passado

O amor, esse, nunca aquém
Cada gesto e cada toque
Não mentem a ninguém

E esse amor 
Que de tudo nada tem
Que nunca me sufoque
E nos leve p'ró além

Adeus

Itálicos de referência  à música "Devagar" - Ornatos Violeta

1 de junho de 2014

Daqueles que deste

Cheiras bem
Dá-me beijos, dá-me tantos
Sinto-te perto
Dá-me beijos
Sinto-te em mim
Dá-me amor
Dá-me tanto
Dá-me tudo o que deste
Dá-me pouco de tudo
Dá-me, dá-me muito
Dá-me o que dali trouxe
Dá-me, dá-me beijos
Daqueles que deste

itálicos: referência a Fernando Pessoa

Adeus