27 de outubro de 2014

Seja aqui ou no Marão

Não vão ser malas arrumadas
Não vão ser horas na estrada
Não vão ser vidas traçadas
Que sararão setas cravadas

Não serão só os raios do Marão
A cumprir alguma ocasião
Não serei eu a gritar as frentes
Mas vais ser tu - a quem só mentes.

E que o bicho é este?
Que nos faz ir e voltar
Que de tão sublime que é
Se tenta em retornar

Ele, que não é veneno
-É puro e não sereno
E no tangível disso tudo
É amor! Digo sem medo

E no fim,
será nada!
E de ser nada - será tudo.
-Tudo o que nos fará ir e voltar
P'ros segredos deste mundo

Até lá,
 ficamos assim,
no momento em que eu me dou
no momento em que te dás
E enquanto houver estrada para andar
a gente vai continuar

E não, não te peço comodismo
Peço-te paralelismo
Sem julgamento, com dedicação
Não cair em esquecimento
Nem em nada de ilusão
Peço-te aquela paixão
Todo o brio e satisfação
Peço-te ardor e alimento
Sem qualquer ilação

 E a cada visita dada
 Que sigamos pelo mesmo caminho
Faz cumprir a ocasião!
Seja aqui ou no Marão


Itálicos de António variações e Jorge Palma


Adeus

21 de outubro de 2014

A minha mãe diz que eu sou chata

Quando não temos muito o que fazer, qualquer coisinha pode ser distração e motivo para iniciar conversa, por muito estúpida que seja. Sou muito boa a começar conversas só porque sim e a minha mãe, em resposta a essas conversas, consegue passar o dia todo a dizer que eu sou: 
a) Linda
b) Interessante 
c) Prendada
d) Chata

É isso mesmo, opção d) Chata.
Qualquer coisa que eu faça é motivo suficiente para ouvir a dona Paula, senhora minha mãe, a dizer: "És tão chata.". Estas palavrinhas são mais repetidas do que um video em loop (juro que para a próxima faço uma comparação melhorzinha) e são ouvidas, normalmente, quando:

- Falo muito. Ora pois bem, até é fácil justificar o porquê de estar "sempre a falar". Razão um: falo desde os dois anos, desde essa altura que uso a fala para comunicar com quem me rodeia. Razão dois: Estive três anos a formar-me em comunicação. Queriam que eu passasse o dia a fazer o quê?

- Faço perguntas e quero, incansavelmente, as respostas. Sou curiosa e ainda bem que o sou. As pessoas curiosas são as mais inteligentes. Por que é que não ficam felizes por saberem que eu sou inteligente?

- Lhe pergunto o que vamos fazer para jantar. Porque "É muito cedo! Era o que faltava estar a pensar no que vou fazer de jantar!". Depois só quando batem as oito da noite é que vai descongelar os bifes de frango.

- Quando tento ensinar alguma coisa Num dia normal, tudo o que eu penso nunca é suficiente para a minha mãe. Se eu disser uma coisa, ela vai e contradiz-me, como uma máquina automática de argumentos. Nem vale a pena achar que lhe posso dar alguma novidade muito menos ensinar-lhe alguma coisa, porque isso nunca será possível. "Eu sabia", "Achas que eu não sabia?! Não me lembrava" são normalmente as respostas da minha mãe, a mãe que sabe tudo.

Hoje, em conversa depois de jantar, perguntei-lhe:
- Queres café?
Respondeu-me: - Não, dói-me a cabeça. 
Eu, insatisfeita com a pseudo justificação, perguntei: 
- E não queres café porque te dói a cabeça? 
E ela: 
-Sim. Para a próxima digo que não quero café e acabou
(...)
Eu entendo que nem seja necessária justificação para não querer café. Não se quer e acabou. Só fiquei intrigada com a justificação... afinal, a cafeína alivia as dores de cabeça...mas "prontos", ela, como não poderia deixar de ser, nem me deu hipótese:
-Quando fores jornalista e se quiserem pedir-me entrevista eu vou dizer que tu és chata.
Respondi: 
-Sabes que...um jornalista tem de ser chato senão não consegue as respostas que quer. Quanto mais chato, melhor jornalista.
Ao que ela me respondeu enquanto se ria:
- Estou perdida!

Adeus

19 de outubro de 2014

Com a maior sinceridade

E é assim, meus filhos, que eu respondo a questionários.
Com a maior sinceridade. 
*inserir hashtag Forever Sonae*


With love, Serapicos.

Adeus

18 de outubro de 2014

Sou só eu que quero conhecê-lo?

A inteligência e a muita imaginação fascinam-me. Apresento-vos:


Escreve desde os 10 anos e ganhou o prémio leya aos 24 anos. Começou pela poesia (aww) e estreou-se em prosa com O meu Irmão, livro vencedor.
Para além de ser génio e desengonçado (precious), escreve bem e fala assim:

(video de 16 segundos editado ao meu gosto)

São precisas pessoas destas no mundo. São precisas pessoas assim no meu mundo.
Sou só eu que quero conhecê-lo?


Adeus

Com Fernando Pessoa Pelo Mundo

Dois dias depois de ter tatuado o melhor poeta de sempre no pulso tive uma ideia que, na altura, me pareceu arriscada. Pu-la em prática e, uns meses depois, sinto esta epifania com mais 500 pessoas.
Fico feliz quando apreciam as minhas ideias loucas. 
Obrigada.



Adeus

2 de outubro de 2014

Já te cansaste da poesia?

Acordar tarde é um dos meus planos favoritos num dia dedicado a nada fazer. 
Com o calor que está a fazer por Lisboa, só não vai à praia quem não pode e não poder não tem sido a minha ordem, ultimamente. Decidir para que praia ir, foi, provavelmente, a decisão mais difícil que tomei hoje e quando isso acontece, o dia não é assim tão mau.
Enfiei-me no comboio e quando dei por mim já tinha passado São Pedro do Estoril....Saio ou não saio, saio ou não saio...
Decidi ir até cascais, também só faltavam umas duas, três estações.
Saí do comboio e já cheirava a tias. Vá, estou a brincar. Na verdade cheirava a estação do comboio. Que desilusão!
Cheguei a uma praia bem pequenina, uma espécie de baía de água cor azul claro. Era mesmo ali que queria estender a toalha. A tarde foi passada a ouvir línguas, todas as línguas europeias, todas menos o português. Para além de uns mergulhos e de uns movimentos de pseudo-natação, li metade de um livro de poemas de Pessoa, o qual a minha mãe me deu há umas semanas.
Ao final da tarde, o sol já tinha atingido as rochas e a luz da praia ia reduzindo. 
Não há nada melhor do que o horário das cinco e meia às seis e meia da tarde, numa qualquer praia em qualquer parte do país. O sol a pôr-se, um calor confortável e a pele ganha uma cor que nunca teve durante o resto do dia.
Eram quase seis da tarde e lá estava eu, a viver esse momento do dia. Pousei o livro e pus-me a observar tudo o que me envolvia: a água, as pessoas, a areia que tinha colada nas pernas, o dourado das arribas e as cores do céu, da areia e da minha pele. Naquele momento apercebi-me da sorte que tenho, por poder estar ali a uma quinta-feira à tarde, em pleno Outono.
Ao aperceber-me dessa sorte, oiço uma voz de um rapaz que passou por mim:  - Então, já te cansaste da poesia? - Eu, perante tal pergunta inesperada, ri-me e respondi: - Não -. O rapaz seguiu caminho e eu voltei a contemplar o melhor horário da praia, mas, desta vez, sem pensar na sorte que teria em estar ali. Dei por mim a pensar que poderia ter respondido àquela voz: "Quem gosta de poesia nunca se cansa dela.".  

Praia da Rainha, Cascais


Adeus

O amor que não arde nem em Paris

Nem preciso de escrever nada no post depois de um título tão explicito mas vou escrever na mesma. 
A vida não está feita nem para sonhadores, nem para românticos, nem para solteiros.
Dizem que Paris é a cidade dos apaixonados. Ora bem, já lá estive quatro vezes e quase sempre sozinha, para além de que em todas as vezes que lá fui, não estive lá mais do que algumas horas. 
Já sei, já sei. Já sei que a cidade do amor não foi feita para mim. 
Oh, que conclusão tão fácil de retirar. 
Olha que lindo, universo, estás a fazer muito bem o teu papel. 


Adeus