19 de junho de 2012

Cheiros fotográficos

Em tudo há um aroma, desde as frutas aos cestos destas, das especiarias às pessoas especiais. 
Eu posso não saber distinguir o Messi do CR, mas que tenho uma boa memória olfativa, tenho. 
Qualquer pedaço de ar é capaz de me fazer lembrar alguma coisa.
É habitual ouvirem de mim: "cheiras a isto, cheiras a aquilo". Aliás, como é habitual em toda a gente. Mas o que eu quero dizer é que consigo conhecer as pessoas, os momentos e os lugares, através do olfato. 
Não, não sou o Jean Baptiste português, até porque não nasci em França nem debaixo de uma banca cheia de tripas de peixe, muito menos tenho as facas e os frasquinhos que ele tinha. Dizem que cada pessoa tem um dom, se isso for verdade, este é o meu. Aliás, se houvesse um curso de cheirador eu tinha feito a inscrição. Mas para ensinar a cheirar, claro. 

Este postagem não faria sentido (se alguma vez o fizer) se eu não falasse dos cheiros pelos quais a minha memória chora. Chora no sentido de que já fazem parte dela. No sentido em que eu dou sentido à memória, no sentido em que eu ponho a memória a chorar só de se lembrar dos cheiros. (Memória a lembrar-se, uau.)

As oliveiras fazem-me lembrar as minhas raízes, a outra metade de mim. Vejo nelas Mirandela, o Vale da Vilariça, a minha avó e o verão transmontano. Com o cheiro do cloro tenho uma relação de amor ódio. Não é um cheiro agradável, mas quando se convive 15 anos com ele, entranha-se. Ah, o Acqua di gio de homem é outro aroma que me deixa feliz. Mas há por aí nesse mundo outro perfume masculino que faz chorar as pedras da minha calçada. Um dia que lhe descubra o nome, venho aqui publicar. Assim como quando descobrir qual o melhor jogador do mundo.

Adeus

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