12 de junho de 2016

"Cada palavra dita é a voz de um morto"


Os anos passam e Pessoa imortaliza-se. 
Encontraram mais um. 
E quantos mais estarão por encontrar...



Cada palavra dita é a voz de um morto.
Quem na voz, não em si, viveu absorto.
Se ser Homem é pouco, e grande só
Em dar voz ao valor das nossas penas
E ao que de sonho e nosso fica em nós
Do universo que por nós roçou
Se é maior ser um Deus, que diz apenas
Com a vida o que o Homem com a voz:
Maior ainda é ser como o Destino
Que tem o silêncio por seu hino
E cuja face nunca se mostrou.
Aniquilou-se quem se não velou.

Poema escrito por Fernando Pessoa na travessia do Atlântico, em 1918
Adeus

1 comentário:

  1. Tens que ver se te enamoras de outro paneleiro para ver se isto arrebita por aqui

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