21 de dezembro de 2013

Feliz, assim, verdadeiramente.

Cá estou eu, mais uma vez, à espera das palavras que não querem chegar.
Sento-me, observo o brilho nos olhos deles - dos outros - aqueles que por aqui andam, a pôr algum sentido no que fazem - ou pelo menos pensam eles que põe sentido a alguma coisa. - Onde é que eu estava? No brilho. - Não sei onde deixei o meu, mas pelo menos sei que nos olhos não foi. Talvez esteja escondido, num bolso de algum casaco já arrumado, ou talvez esteja caído debaixo da cama, não sei. Será que o terei perdido? Se o perdi, foi em ti. Vais devolver-mo, agora que é Natal?

Dou por mim, dia após dia, a perder-me no que já não sou. Será por não acreditar na felicidade? Será que as amarguras que tornam os adultos estranhos e frios são estas? E se forem? Eu não quero ser o que foram para mim. Onde é que posso recuperar todas as fantasias que me motivavam e todos aqueles projetos que me faziam avançar? Será que sou a única a ter medo de me tornar insensível, sem capacidade para sonhar, nem que seja durante uns segundos? Tenho medo de não conseguir soltar uma gargalhada quando alguém faz algo estúpido. Tenho medo de perder a paciência até para fazer um jantar para os amigos.
Não sei se quero voltar a sair daqui, de onde tenho tudo o que me faz melhor. O mundo lá fora é malvado e eu não sei ser feliz com isso.
Será que foi o amor que me roubou o brilho?
Não tenho dúvidas de que faria alguém muito feliz, mas e eu? Chegar ao fim de um dia de trabalho, dar um beijo a alguém e acordar ao lado dessa pessoa de manhã não é difícil. É rotina. Não é amor. É conformidade. Fazê-lo com o coração quente e com ansiedade por um dia igual, sim, é ser feliz. Assim, verdadeiramente. Apaixono-me incansavelmente, mas nunca com correspondência. Às vezes desejo desejar quem me deseja...só às vezes. E se ao menos fossem mais... talvez o brilho ainda cá estivesse...e eu andava por aí, a pôr algum sentido à vida. Ou pelo menos a pensar que estaria a pôr sentido algum em alguma coisa. 



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