2 de outubro de 2014

Já te cansaste da poesia?

Acordar tarde é um dos meus planos favoritos num dia dedicado a nada fazer. 
Com o calor que está a fazer por Lisboa, só não vai à praia quem não pode e não poder não tem sido a minha ordem, ultimamente. Decidir para que praia ir, foi, provavelmente, a decisão mais difícil que tomei hoje e quando isso acontece, o dia não é assim tão mau.
Enfiei-me no comboio e quando dei por mim já tinha passado São Pedro do Estoril....Saio ou não saio, saio ou não saio...
Decidi ir até cascais, também só faltavam umas duas, três estações.
Saí do comboio e já cheirava a tias. Vá, estou a brincar. Na verdade cheirava a estação do comboio. Que desilusão!
Cheguei a uma praia bem pequenina, uma espécie de baía de água cor azul claro. Era mesmo ali que queria estender a toalha. A tarde foi passada a ouvir línguas, todas as línguas europeias, todas menos o português. Para além de uns mergulhos e de uns movimentos de pseudo-natação, li metade de um livro de poemas de Pessoa, o qual a minha mãe me deu há umas semanas.
Ao final da tarde, o sol já tinha atingido as rochas e a luz da praia ia reduzindo. 
Não há nada melhor do que o horário das cinco e meia às seis e meia da tarde, numa qualquer praia em qualquer parte do país. O sol a pôr-se, um calor confortável e a pele ganha uma cor que nunca teve durante o resto do dia.
Eram quase seis da tarde e lá estava eu, a viver esse momento do dia. Pousei o livro e pus-me a observar tudo o que me envolvia: a água, as pessoas, a areia que tinha colada nas pernas, o dourado das arribas e as cores do céu, da areia e da minha pele. Naquele momento apercebi-me da sorte que tenho, por poder estar ali a uma quinta-feira à tarde, em pleno Outono.
Ao aperceber-me dessa sorte, oiço uma voz de um rapaz que passou por mim:  - Então, já te cansaste da poesia? - Eu, perante tal pergunta inesperada, ri-me e respondi: - Não -. O rapaz seguiu caminho e eu voltei a contemplar o melhor horário da praia, mas, desta vez, sem pensar na sorte que teria em estar ali. Dei por mim a pensar que poderia ter respondido àquela voz: "Quem gosta de poesia nunca se cansa dela.".  

Praia da Rainha, Cascais


Adeus

Sem comentários:

Enviar um comentário