17 de setembro de 2015

Imagino o dia em que me apareces à porta

Imagino o dia em que me apareces à porta. Imagino a minha reação e todos os dias imagino uma diferente. Não compreendo o limite do que amo. Amo tanto. Amo-te tanto. Todos os dias. E amanhã... odeio-te. Odeio-te tanto.
Espero que a minha reação seja como aquela que te viu ir embora, enquanto de empurrei pelo elevador. Essa seria a reação que imagino neste instante. Não quereres ir. Empurrar-te. Saber que fomos felizes. Saber que vais voltar em minutos. 
Nunca o sol brilhou tanto naquela cidade. Acordou feliz e adormeceu aconchegado. Vivemos. Rimos. Conversamos. Lemos. Ouvimos. Dançamos contemporânea. Fomos felizes. Sei que sou feliz quando danço contemporânea no chão do quarto. 
E tu? Livre. Sempre foste. Como um pássaro. E que bem que ficava um jogo de nomes de pássaros com o teu nome. Que bem que ficava. Que saudades de juntar qualquer palavra com as vogais do teu nome e disso resultar palavras como mamélsias. Essa foi a minha melhor criação e tu, ao ouvi-la, gritaste, com toda a força e como só tu sabes fazê-lo. Que grito. Que voz. 
Não vou fazer mais jogos de nomes. Não vou pensar mais no sol que brilhava lá fora enquanto se dançava no chão. Sabes porquê? Porque a música já não é a mesma e tu...tu foste embora de empurrão e nunca vais voltaste. Eu? Eu vou tirar a mão do queixo e não vou pensar mais nisto. Imagino o dia em que me apareces à porta. Imagino a minha reação. Espero que seja aquela que deveria ter tido quando te empurrei para o elevador. Aquela que eu queria ter tido se soubesse que nunca mais voltarias. 
Eu sei que fui eu quem te empurrou. Eu sei. Culpa-me por isso. Culpo-te por tanta outra coisa. Não me perguntes por que razão me fui embora. Ainda não sei responder-te. Não o faças. Nunca mais o faças. Cada letra dessa pergunta é dor. 
Se valeu a pena? Imagino o dia em que me apareces à porta.



Adeus

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