26 de agosto de 2013

Sou tão feliz com Noodles

Lá estava eu, 11:54h, e já depois de meia hora na fila do Pingo Doce, oiço os carris da linha 4.
Campolide é o meu destino. Sento-me onde posso, quase sempre no meio de uma família que discute o que será o almoço, ou ao lado daqueles que têm ido todos os dias para a praia e que fazem questão de me esfregar na cara o bronze deles. 
A minha viagem começa ali, mas a de muitos já vai a meio. A meio também vai o kizomba que se faz ouvir, música daqueles que usam os telemóveis como rádio...E no meio da família que discute se trouxe o farnel todo ou não, entra e sai gente. 
Na linha de Sintra é usual verem-se grupos de jovens parvos -que ainda não sabem que são parvos- a fugir entre as carruagens enquanto tentam escapar ao revisor. Safam-se sempre.
Finalmente, e depois de tanto crioulo, francês e outras línguas estranhas, ouve-se a voz da CP: "Próxima paragem- Campolide. Cuidado com o degrau". Carrego no botão para abrir a porta, e ainda com o comboio em andamento, saio. Mal ponho o pé no chão vejo gente a correr em direção à linha 7, para o comboio com destino a Alcântara-Terra. Eu também tento, como já não soubesse que não chego a tempo. Nunca o apanho...mas não me sinto mal. Os putos da Amadora correm a estação toda, atropelam todos e mesmo assim, não o conseguem apanhar. Quando chego à linha, na minha tranquilidade, lá estão eles, sentados nas escadas, derrotados pelos horários apertados da CP.  
Falta meia hora e ainda bem que o Pingo Doce tinha a Visão. Não é das melhores, mas distrai-me. 
12:50h e lá vem ele, o comboio de dois pisos com destino a Alcântara-Terra. A viagem dura uns ridículos 5 minutos e a próxima linha a apanhar é a de Cascais, em Alcântara-Mar. Entre as Alcântaras são uns 10 minutos a pé. Nunca vou sozinha, as famílias, o grupo dos parvos e o kizomba no telemóvel acompanham-me sempre. Até turistas já me usaram como guia: "Please....to belem?"
Em Alcântara-Mar nem uns 5 minutos esperamos. Nesse curto tempo olho em redor, aprecio Lisboa...Dali consegue-se ver o SEF- Serviço de Estrangeiros e Fronteiras- onde fiz a minha 2ª reportagem; ao lado, o Comando da Polícia Marítima de Lisboa, do outro lado...já lá vem o comboio. É rápido. E rápidas também são as pessoas a ocupar os últimos lugares disponíveis. 
Faço parte dos rápidos, nunca vou a pé. Hoje até consegui um lugar no lado virado para o mar. Passados uns minutos desisti dele, o cheiro a álcool que vinha do meu vizinho de trás estava a invadir-me as narinas e a provocar-me náuseas.  
Continuo a viagem, na companhia da minha revista. Coluna sobre Lourenzo, artigo sobre Coelho ou reportagem sobre turismo rural....Qualquer uma é mais interessante do que os cartazes da CP.
"Próxima paragem: Estoril."
É aqui que saio. 
13:44h e finalmente estou com os pés na areia.
A praia do Tamariz está sempre cheia...Afinal é esta a razão pela qual eu digo a mim mesma: "Para a próxima vais para outra". Agora já estou nesta, não me vou enfiar outra vez no comboio. 

Estendo a toalha no buraco que conseguir...
Ponho creme, molho-me, ponho creme, molho-me, areia nas mãos, vou lavar as mãos, viro-me de costas. Quando o rabo me arde, penso que é melhor pôr creme. Ponho, começo a ficar com calor, vou à água. Chego da água, sento-me ainda com o rabo oleoso do creme, encho-o de areia, estico-me, rapidamente seco e começo a arder. Ponho creme com areia nas mãos, esfrego a pensar por que raio não fui eu lavar as mãos. Durmo, babo-me, vou à água, volto, seco, leio, queimo-me porque não pus creme depois de vir da água. Ponho creme, tento adormecer enquanto gritam: "olha as bolinhas de berlim, redondas e amarelas as bolinhas de berlim...", sento-me, vou à agua, venho, estico-me na toalha, o sol queima e seco. Viro-me ao contrário e já o rabo está a arder outra vez. São 18h, é melhor ir. 
A viagem de regresso demora 1h57m. Vá, tenho a Visão comigo.
Entro no comboio e sento-me ao lado de um moço com aparência estrangeira. Olhos azuis, loiro, alto.
Lindo. Um gato. Um pão - Tudo aquilo que esteja associado a uma boa aparência.
A meio da minha leitura oiço: "Are you from Lisbon?"
Naqueles 20 minutos de viagem fiquei a saber que o norueguês de nome "G", tinha chegado há pouco tempo a Lisboa para fazer Erasmus em Engenharia. Fiquei também a saber que o meu inglês é melhor quando eu quero que ele seja melhor. Provavelmente foi a primeira e a última vez que vi aquela cara, mas que fez da minha viagem mais animada, lá isso fez.

19:57h -Chegada a Massamá-Barcarena.
Que vou eu jantar? Olho em frente e vejo o Pingo Doce. 
Apetecem-me Noodles.
Sou tão feliz com Noodles.

Adeus

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